segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Organizada culpa garota e o pai por tensão no Couto Pereira: "torcida é um barril de pólvora"

Fã pede camisa de Lucas, do São Paulo, no Couto Pereira

A torcida organizada Império Alviverde negou que tenha tido qualquer participação no episódio em que torcedores do Coritiba intimidam uma menina e seu pai nas arquibancadas do Couto Pereira depois que ela pediu a camisa do jogador Lucas, do São Paulo.

Um dos torcedores que estavam próximos da menina e reclamavam de sua atitude usava a camisa da organizada. Mas o presidente da facção, Reimackler Graboski, disse que a torcida em nada tem a ver com o fato.

“Não se pode falar da organizada, que nem participou desse fato ontem. Eram torcedores do povão do Coritiba que estavam lá. Tinha apenas um torcedor usando a camisa, e que não teve nenhuma atitude anormal. Só tinha um garoto por perto, que nem xingou”, falou Graboski em entrevista ao UOL Esporte.

O presidente da Império Alviverde deu razão aos torcedores que questionaram o atitude da garota e culpou ela e seu pai pelo princípio de confusão nas arquibancadas.

“Pode colocar a culpa total no pai e na garotinha. Ela tem 13 anos e sabe o que acontece em estádio, quando se mexe com a postura e paixão de torcedor que tem inteligência. Se existe divisão de torcida, ela deveria estar do outro lado. Vai ali torcer para o time adversário? Isso aconteceria em qualquer lugar do mundo. O pai da menina é o verdadeiro culpado de pedir a camisa do time adversário da nossa torcida”, falou.

“Essa cena não tem o que se falar. A torcedora não deveria estar lá. A torcida do Coritiba não estava errada. A menina estava errada. A torcida é um barril de pólvora, e uma faísca sai uma explosão”, continuou.

O dirigente disse que o fato de Lucas ser um ídolo nacional e jogar na seleção brasileira não justifica o fato de se pedir a camisa do jogador em uma torcida contrária. Afirmou também que a garota é de fato são-paulina.

“E se bater nessa tecla de ser um ídolo, então tem que se pegar o exemplo do Neymar. Ele é ídolo [nacional] e fez dois gols na gente. Se ele joga a camisa dele na arquibancada, mandamos de volta no peito dele”, brincou. “Ela era torcedora do São Paulo e a culpa do pai poderia causar um ato de violência.” 

A Império Alviverde teve alguns de seus integrantes envolvidos em um tumulto generalizado que ocorreu no estádio Couto Pereira no dia 6 de dezembro de 2009, logo após o Coritiba empatar com o Fluminense e ser rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro.

A torcida voltou a frequentar o estádio, e, de acordo com Reimackeler, tem trabalhado forte contra a violência. “Estamos fazendo trabalho forte contra a violência ainda mais agora. A crítica com a gente foi muito grande depois de 2009. Fazemos reuniões para isso e falamos que conquistamos espaço de novo e o clube nos aceitou”, finalizou.

Lucas defende a garota

Um grupo de torcedores do Coritiba partiu para cima da menina e do seu pai. Os dois foram xingados e ameaçados. Ao ver a cena, Lucas ficou preocupado com o que poderia acontecer.

Na sua conta do Twitter, Lucas classificou a cena como lamentável. “Temos que tornar nosso país digno de receber uma Copa do Mundo e demonstrar que somos civilizados e grandes para o mundo mudar o conceito sobre nós”, escreveu o são-paulino.

“Fiquei triste e chateado. O futebol é de paz. Que bom que terminou tudo bem, que eles foram retirados sem serem agredidos”, afirmou o atacante em entrevista à rádio Banda B, de Curitiba.

A criança e seu pai foram retirados da arquibancada e conseguiram se encontrar com o jogador são-paulino na entrada do vestiário.

“Fiz questão de falar com ela, dar a camisa e tirar fotos. Eu fui ingênuo, joguei a camisa porque ela pediu, mas não sabia que os outros torcedores poderiam se irritar com aquilo”, disse o jogador.


Sugestão e comentário de Riqueldi Lise.

Além desta notícia outros dois fatos chamaram atenção neste fim de semana futebolístico, e todos com um sentimento comum, a intolerância. No sábado no estádio dos Aflitos o árbitro Leandro Vuaden exigiu que fosse retirada uma faixa com um protesto da torcida do Náutico contra as arbitragens, a faixa tinha os seguintes dizeres “não irão nos derrubar no apito”. A retirada da faixa demorou certo tempo o que ocasionou um atraso de aproximadamente 20 minutos para o início da partida. Segundo o procurador do STJD Paulo Schmitt “ele (Náutico) pode ser multado por atraso. Ele é o causador, por causa da faixa”. “Acho que a faixa é ofensiva, sim. Tem de dar um basta de pensar que o árbitro está de má fé. O que ele quer dizer com a faixa? Que o árbitro está de má fé”.

O segundo caso faz referência a um torcedor escocês que em visita ao Brasil pretendia assistir a um jogo do Corinthians trajado com a camisa do seu time o Celtic (verde e branca). O torcedor estrangeiro foi ameaçado, intimidado, teve que trocar de lugar e ainda assim teve que trocar de camiseta.

Será que o futebol e as arquibancadas estão deixando de ser o espaço democrático e de livre expressão do torcedor? Será que os torcedores ainda podem se manifestar livremente nos estádios?