quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Com bandeira do Coxa, ídolo Fedato é enterrado



Familiares e amigos se despediram nesta terça-feira (10) do ex-zagueiro Fedato, ídolo do Coritiba. Ele foi velado no Estádio Couto Pereira e o enterro foi realizado no Cemitério Municipal, no fim da tarde. Sobre o caixão, foi colocada uma bandeira do Coxa.

O jogador, que defendeu por 15 anos a camisa alviverde, faleceu segunda-feira, vítima de uma pneumonia, aos 88 anos. A diretoria do Coxa decretou luto oficial de três dias e colocou uma tarja preta no distintivo do clube no site oficial.

Grandes nomes do futebol paranaense passaram no Couto para prestar a última homenagem a Fedato. Entre eles, Dirceu Krüger, Cláudio Marques, Aladim e Alex. Ex-jogadores do rival Atlético também estiveram no local como Jackson e Barcímio Sicupira, maior artilheiro do Rubro-Negro.

“A amizade veio muito antes do futebol. Depois eu ainda ia muito à loja dele. A rivalidade entre os times é algo que acaba no domingo de tarde. O importante é o ídolo que ele era”, completou o ídolo rubro-negro.“Eu o conhecia de muito antes do futebol, éramos praticamente vizinhos. Eu e os meninos da rua ganhávamos o dia quando ele passava para ir treinar e acenava para gente” conta Sicupira, que estava no infanto-juvenil do Coxa em 1957, último ano de Fedato como jogador do clube.

Entre os familiares e amigos, o otimismo e alegria com que Fedato levava a vida ficaram marcados na memória. “Ele sempre falava que jogou pelo time que amava e teve tudo o que quis na vida. Nunca se recusou a atender ninguém, sempre com bom humor e um sorriso no rosto. A vida dele era o Coxa, pedia para ir ver o treino ou só para olhar o campo do Couto”, contou a neta Fernanda Fedato.

Rodrigo Salvador dos Santos, padrinho de uma das bisnetas de Fedato, fez questão de ir ao enterro do ex-jogador com a camisa do Coxa que estampava o nome do ídolo e o número 2, utilizado pelo zagueiro durante o período do Alto da Glória.

“Conhecia a história dele pelo que li e, depois, passei a frequentar a casa dele, o que foi o grande presente da minha vida. Ídolo é Alex. Fedato era mais do que isso”, disse Santos.

Entre tantos fatos da vida do ex-zagueiro que foram lembrados, foi recordado que em 1957 a torcida fez um abaixo-assinado para que ele não se aposentasse, além do Prêmio Belfort Duarte, por ter passado dez anos sem receber nenhum cartão - um dos maiores orgulhos do ídolo alviverde.

“Ele representa uma paixão imensa pelo clube. Tudo na vida dele girou em torno do Coritiba. Até o Exército ele serviu no Couto Pereira. Sempre foi o sonho dele defender o Coxa”, declarou o jornalistaPaulo Krauss, co-autor de Fedtao – O Estampilla Rubia, autobiografia do ex-jogador.

Para a família, marcou muito o fato de no lançamento do livro Eterno Campeões, com perfis dos maiores ídolos do Coritiba, em outubro do ano passado, o fato do meia Alex ter ido pedir um autógrafo para Fedato.


Sugestão e comentário de Natasha Santos.

Cai o pano: Fedato, ídolo do Coritiba abandona o mundo, mas deixa aos estudiosos ou aficionados, grandiosas memórias do futebol paranaense.

Vamos, portanto, relembrá-lo.

“Fedato, o Estampilla Rubia” foi também Aroldo Fedato, nascido em Ponta Grossa, em 16 de outubro de 1924. Chegou em Curitiba no ano de 1939, tornando-se profissional do futebol por volta de 1944, no Coritiba. Embora fosse zagueiro central, não seria um anônimo: é um dos ídolos do Coxa, talvez por ser o jogador que vestiu a camisa do clube por mais tempo (13 anos), tal como aponta o Grupo Helênicos. Além disso, foi o jogador que mais ganhou títulos pelo Coritiba: foram sete estaduais – 1946, 47, 51, 52, 54, 56 e 57. Couto Pereira, antes de dar nome ao estádio, foi o primeiro a propor contrato com Aroldo. Mas, antes disso, quando ainda estava no juvenil, atuaria no Bloco Esportivo Morgenau – uma equipe curitibana, essencialmente amadora entre as décadas de 1930 e 40.

A trajetória como profissional teve início na década de 1940 e foi encerrada apenas em 1957. Nesse meio tempo, marcou o único gol de sua vida em 1949, num dramático Atletiba em que o Atlético-PR derrotou a equipe alviverde por 5 gols a 1. E alegrias também existiram: em 1951, recebeu o troféu Belfort Duarte, concedido por permanecer 80 jogos sem ser advertido com cartão amarelo ou vermelho – os tempos eram outros...

Embora jogassem em posições distintas, Aroldo Fedato traz uma semelhança quase idêntica ao Rei Pelé: ambos tiveram suas biografias coescritas por jornalistas. No caso de Aroldo, foi Paulo Krauss, quem o ajudou na escrita. Poder-se-ia falar, na verdade, em autobiografia, já que Krauss ficou com a incumbência de “apenas respaldar o relato do atleta”.

E é no texto biográfico, que seu estrelismo vem à tona. Há capítulos como “Todos querem Fedato”, estrelado por João Saldanha e outros do eixo Rio-São Paulo. Todavia, os tempos eram outros e Fedato não saiu do Coritiba, exceto por empréstimo ao Botafogo, em 1948, quando ficou um mês na Bolívia com o time carioca. Há indicações, inclusive, sobre “A Copa que não joguei”: uma narrativa da ausência do paranaense no Campeonato de 1950... Será que teríamos vencido o Uruguai?

Saudações a Aroldo Fedato.