segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Crônica da Semana


POBRE FUTEBOL PARANAENSE

José Carlos Mosko

Nas conversas informais entre amigos, a realidade volta e meia vem à tona: o futebol paranaense vem caindo de produção nos últimos anos.
Daí alguém fala: “mas o Atlético ficou em quinto lugar no último brasileiro”. Outro completa: “e a Copa do Brasil deste ano?” Nada que trouxesse relevância nacional ou uma verba extra considerável.
Como nos disse o Carneiro Neto, dia desses, Atlético e Coritiba tiveram algumas oportunidades de vencer os “grandes” em uma decisão, mas fracassaram. Restam as conquistas sobre São Caetano e Bangu. Pode ser coincidência, mas tais fatos mostram que, no mínimo, ainda há muito que fazer pelo futebol paranaense.

O Paraná caiu e como muitos profetizaram, dificilmente encontrará forças para sair da série B, considerando que nos últimos anos ficou sofrendo para evitar o risco de cair à série C. Nesse ano já contratou 52 jogadores. As contratações são cada vez menos acertadas, pois os valores oferecidos aos atletas que chegam são muito baixos para o futebol profissional de primeira linha. Como oferecer ganhos compatíveis com bons jogadores se precisam ser pagos os salários e direitos a vários outros atletas, dispensados a cada um dos últimos anos?

Já que toquei no assunto série C, lembro que não temos nenhum representante nessa divisão. Quanto à série D, Operário e Cianorte cumpriram o papel de reforçar o momento ruim da atualidade, pois o primeiro não passou da primeira fase e o segundo caiu nas oitavas de final.
Claro que as mudanças ocorridas recentemente – como o aumento da diferença entre os valores recebidos por clubes “grandes”, “médios” e “pequenos”, por parte da televisão – colaboram para as dificuldades dos nossos clubes. Porém, diante de um mercado cada vez mais competitivo e com o pequeno número de torcedores que têm os paranaenses, sabemos que grandes patrocínios ou investimentos não terão nossos times como parceiros.

E o que resta, então? A administração profissional e qualificada, somada a contratos com atletas e empresários que não prejudiquem os clubes é uma ação fundamental, mas me parece que não mais suficiente, se executada por cada equipe, individualmente.
Penso que enquanto os clubes, especialmente de Curitiba, não agirem em conjunto não terão grandes oportunidades de sucesso. A rivalidade, a mística, o clima de “guerra”, as provocações, entre outras coisas, há tempo já deveriam ser dignas apenas da torcida e da mídia em geral.

Mas o que vemos aqui?
Enquanto o Paraná sucumbe com contratações de péssimo custo-benefício, Atlético e Coritiba mantêm inúmeros jogadores apenas treinando, sem chance de jogar na série A. Talvez esses jogadores fossem úteis ao Paraná, principalmente se emprestados gratuitamente.
Quando o Atlético precisou de um estádio para decidir a Libertadores da América, o Coritiba tratou de diminuir, pelo menos oficialmente, a capacidade do Couto Pereira, para não emprestar uma “casa” ao seu rival.
Quando o Coritiba em plena comemoração de seu centenário caiu novamente para a série B e foi exageradamente punido, não recebeu apoio de seus co-irmãos.

Temos outros exemplos, mas o mais importante é refletir: e qual o ganho disso? Nenhum. Ao contrário, enfraquece o futebol paranaense. E o futebol paranaense fraco, diminui a capacidade competitiva de seus principais clubes.
Poderia falar ainda do apoio que os clubes da capital poderiam dar às equipes do interior, fortalecendo o campeonato paranaense, em parcerias que poderiam render lucros a todos. Mas aí a reflexão fica muito longa e cansativa
Poderia falar também da Federação Paranaense de Futebol, mas... sem comentários.
         Enquanto a realidade não muda, seguimos um torcendo para o outro cair, nossa única alegria em termos de competições nacionais.
Quanta mediocridade!

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