domingo, 9 de outubro de 2011

Crônica da Semana

“Que país é esse?”: apontamentos iniciais sobre a violência no futebol

por Msc. Ana Paula Cabral Bonin

Cadastrar todos os torcedores de futebol... Seria esse o melhor e único caminho para resolver o problema da violência no futebol?

Acredito que os verbos estejam trocados... Não seria “resolver”, mas apenas “minimizar” o problema social da violência presente nas arenas esportivas.

Considerar as Torcidas Organizadas de Futebol como as únicas responsáveis pelos incidentes violentos que assolam o espetáculo futebolístico, dentro e fora dos gramados, é uma missão destinada ao senso comum que pouco visa estudar o todo, mas se reserva no direito de culpar uma única instituição. Estudando os inúmeros incidentes que envolveram brigas e/ou mortes de torcedores de futebol, percebo que não estão envolvidos somente torcedores organizados, mas também torcedores de futebol, o que nos permite aferir a violência como um problema social. Integrantes, ou não, de uma determinada Torcida Organizada se descontrolam emocionalmente e agridem outras pessoas, simplesmente por estas torcerem por um time diferente.

Como diria a música popular: “Que país é esse?”, atrevo-me a responder que é um país de muita liberdade e pouca responsabilidade. Um país que nos cobra mudança, mas não mostra, através de seus representantes, o exemplo para tal. De que adianta uma eficaz legislação se não há um efetivo cumprimento desta? Já que o tema em questão é a violência no futebol, ofereço ao leitor o exemplo do Estatuto de Defesa do Torcedor: a Lei 10.671, de 15 de maio de 2003, já previa em sua criação, inúmeras sanções aos indivíduos flagrados em atos de violência no futebol – inclusive com suspensão temporária daqueles indivíduos que causassem tumulto em dias de jogos de futebol. Após o incidente do Couto Pereira, no dia 06 de dezembro de 2009 – ocasião na qual torcedores do Coritiba depredaram o próprio estádio, como forma de repúdio à campanha do clube e ao consequente rebaixamento à série B do Campeonato Brasileiro –, algumas medidas foram implementadas, via legislação brasileira, a fim de otimizar a punição a atos de violência. Toda medida que visa o bem comum é bem-vinda e acolhida com entusiasmo, porém, em se tratando do EDT, não se pode esquecer que ele já continha em seu texto original linhas que permitiam o combate à violência de maneira explícita e coerente. Por que não cumpri-lo? Por que gastar tempo, verba e palavras em algo que, na essência, já existe?

Enfim... São apenas alguns apontamentos iniciais acerca de um assunto necessário e, muitas vezes, esquecido em meio a uma imensidão de assuntos que envolvem o “negócio futebol”. Falar, escrever e discutir esse tema nunca é tarde, tendo em vista principalmente a realização da Copa do Mundo de Futebol no Brasil. Sabemos que a Copa será um SUCESSO... Mas qual será o legado dela com relação ao problema da violência no futebol? Atualmente, bebidas alcoólicas são proibidas dentro dos estádios, porém, para a Copa possivelmente será liberada a venda devido ao regulamento da FIFA, que atende à sua patrocinadora que exige essa liberação. Enfim... O evento ocorre de forma maravilhosa e posteriormente tudo volta ao normal... Será que no caso da violência também será assim?

É só esperar pra ver...

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