sábado, 8 de outubro de 2011

Evento rubro-negro ganha viés político


O marco inicial das obras na Arena teve um forte viés político, com direito a sessão de fotos do governador Beto Richa, do prefeito Luciano Ducci e de Mario Celso Petraglia, todos com capacete de segurança, e até pilotagem de um trator.

A relação entre Petraglia e Richa, que esteve estremecida nos últimos meses por causa de divergências políticas, parece estar alinhada com o intuito de ver Curitiba como uma das sedes da Copa das Confederações em 2013. A competição, aliás, foi salientada como prioridade para governador, prefeito e Atlético.

“Ontem era o estádio mais atrasado do Brasil e hoje é o mais adiantado. Eu estava relativamente tranquilo porque sabia que depois dessa discussão [aprovação do projeto de autogestão] as coisas aconteceriam rapidamente”, declarou Richa.

Da mesma forma, o prefeito classificou o início das obras como um “grande avanço” e parte de uma grande parceria entre governo estadual, prefeitura municipal e Atlético. “Con­­­­­­­­se­guimos finalmente iniciar a obra do estádio e as outras obras do PAC da Copa estão em andamento ou serão licitadas até o final do ano. A cidade vai mu­­dar de patamar, vai para outro nível. Não tenho dúvida de que Curitiba será a melhor das sedes da Copa”, discursou Ducci. (GR)

Texto sugerido e comentários feitos por Daniel Ferreira
Fonte:

http://www.gazetadopovo.com.br/copa2014/arena/conteudo.phtml?tl=1&id=1176653&tit=Evento-rubro-negro-ganha-vies-politico

A abordagem no site “Gazeta do Povo” chama a atenção para uma conotação política existente no “marco simbólico” do início das obras da conclusão da Arena da Baixada para a Copa do Mundo, destacando a aproximação entre Mário Celso Petraglia ao governador Beto Richa, uma relação que sofreu uma instabilidade momentânea nos últimos meses segundo a reportagem. O que me chama mais atenção, entretanto, é a fotografia que ilustra a reportagem, onde se vê ao fundo um painel que diz: “Arena dos Paranaenses”. “Paranaense”: eis um assunto polêmico.

Certamente que uma abordagem á altura desta temática, “presente” de forma peculiar na referida reportagem como um “quadro” demandaria tratar inúmeros aspectos, sobretudo a inserção social e histórica da imprensa paranaense, e a sua relação com os “mundos” político - e eu acrescento, futebolístico – como nos diz Elza Aparecida de Oliveira Filha em sua tese de doutorado.

Mereceria um capítulo especial aos jornalistas paranaenses que – por exemplo - nos veículos midiático de GPP, ironizavam em plena ditadura os desmandos daqueles que ainda(hoje)vemos agir como “donos do poder” submetendo a esfera pública brasileira, determinadas vezes com o aval de poderosos simulacros midiáticos.

Direciono, entretanto, a abordagem da temática sobre um outro acontecimento: um concurso realizado no ano de 2001, quando venceu esmagadoramente na opinião do público - como “símbolo de Curitiba” - o prédio histórico da UFPR. Detalhe: o prédio da UFPR foi lembrado de última hora.

Na minha opinião, um grande acerto. Imagino que naquele contexto certamente foi uma escolha motivada por pessoas que através de valores como compromisso, respeito a diferença e reconhecimento por mérito, conseguem se enxergar e ir “além dos limites do rio Atuba”. E que tais elementos – básicos para a boa convivência e desenvolvimento de qualquer sociedade - não são reflexos apenas de um determinado “tipo” de curitibano comum, mas do cotidiano, de muitos habitantes de diversas cidades do estado do Paraná, e (historicamente) estrangeiros.

Fico pensando, quem sabe, se acrescentássemos o sentimento “coragem” àqueles valores, se não poderíamos fazer dessa copa realmente uma copa paranaense. Construir um estádio “neutro” lá no Pinheirão, sem licitações de última hora, sem autofagia caseira em benefício de um facínora que se diz representante da nação. Seria certamente um monumento histórico.

A Arena, concluída merecidamente com seus recursos próprios. O Alto da Glória mantido como o patrimônio histórico no coração da cidade. Um museu sobre o futebol paranaense – tal como aquele que existe no Pacaembu - também seria interessante pra ativar a memória dos torcedores e lembrar a tradição de times como Colorado, Ferroviário, Pinheiros, Paraná Clube, Londrina, Operário, Rio Branco, Grêmio Maringá, Cascavel, Paranavaí, Irati, e outros mais, alguns dos quais hoje em processo de extinção, vez ou outra “sugados” por empresários de ocasião. Afinal como nos disse Mario Celso (presidente do Atlético na conquista de 2001) no evento promovido pelo circulo atleticano esta semana: “nada, realmente grande, se constrói sozinho!”

Ou acabo corroborando com um amigo corinthiano lá de Marialva: se for pra ouvir besteira, vamos pro boteco, ver o “espetáculo” sob os comentários do sempre “imparcialíssimo” José Roberto Wright.

Pobre futebol paranaense! Pobre paranaense no futebol!

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